Evolução sexual II

19:31 Por Marco

Uma mulher vê uma pessoa do sexo oposto e sente atraída fisicamente por ele, normalmente ocorre entre um e dois segundos. Ela faz um reconhecimento visual a respeito de seu rosto e seu corpo. Agora, nesse segundo há centenas de julgamentos, inferências e percepções ocorrendo em seu cérebro que são completamente inconscientes. Não há como ela saber o que seu cérebro está fazendo nesse segundo, pois tudo ocorre rápido demais para que perceba. Então temos a ilusão que é algo simples. Mas não é tão simples...

A natureza humana é peculiar e imprevisível. De tudo que é estudado, de estrelas a átomos, a mente humana é o sistema mais complexo. Nós estamos cientes apenas de uma pequena proporção do que realmente ocorre em nossas mentes, o topo do iceberg. E o que ocorre com 99% de nossas mentes que não temos acesso consciente?

Na cabeça dessa mesma mulher, ao conversar com esse mesmo homem, os 1% de processamento ciente que lhe resta para raciocinar não são o suficiente para controlar seus sentimentos. A emoção que ela sente é um reflexo (ao estímulo oferecido pelo homem) controlado pelo resto inconsciente do iceberg. São mecanismos escondidos que avaliam além do que ela consegue enxergar ao longo de uma simples conversa. E após um minuto ou uma hora ela sente que está ou não atraída emocionalmente por essa pessoa. É o resultado de centenas de milhares de cálculos que seu cérebro fez para concluir a viabilidade reprodutiva com a pessoa em questão. Que tem como única finalidade egoísta de perpetuar seus genes.

Para Richard Dawkins, autor de O gene egoísta (leia um trecho do livro aqui), os corpos são transitórios, vem e vão. Apenas os genes permanecem. Porém o conceito de gene é abstrato e muitos entendem o darwinismo de maneira errônea, como se nossos corpos fossem as unidades responsáveis pela evolução. Mas não, corpos estão aí pois os genes os construiu para serem replicados de melhor maneira possível.

Tendo essa visão podemos entender o comportamento humano frente ao sexo. Assemelhando-nos muito aos animais no modo como nos sentimos atraídos, como acasalamos e como demonstramos atributos e nossa saúde para o sexo oposto. Assim, de que adianta um corpo que cresce e sobrevive bem se não atrai parceiros? Esse corpo é evolutivamente uma “rua sem-saída”, seus genes irão a lugar nenhum.

O que explica o fato de animais, incluindo humanos, gastarem tempo e energia desenvolvendo ornamentos sexuais e habilidades de cortejo. Envolvendo alto custo nutricional, muitas vezes diminuindo as possibilidades de sobrevivência em detrimento do aumento das oportunidades de acasalamento. Afinal, para quê mais serve a cauda do pavão senão para o cortejo?

Para os genes do pavão, a cauda é muito mais prática e importante que bico, patas ou asas. Pois é algo que vai ajudar diretamente a replicar esses genes. Vai atrair fêmeas, reproduzir e gerar outros pavões com caudas exuberantes. Prevalecendo os genes daqueles que possuem maiores chances de se reproduzir.

Então nos deparamos com homens passando por riscos absurdos como lutar jiu-jitsu, pular de pára-quedas, tomar anabolizantes, apostar corridas ou ir para a guerra. Superficialmente nos parece irracional por que diminuir drasticamente as oportunidades de sobrevivência do indivíduo. Mas, pensando bem, acaba caindo no mesmo procedimento padrão de todos os animais machos: diminuir a sobrevivência se for aumentar as oportunidades de reprodução.

Vivemos em função de ornamentos sexuais. Mulheres cultivam sua silueta característica, seus longos cabelos e seus seios. E homens as cortejam com seus músculos definidos, sua barba e seu pênis. Mas, de longe, o maior e mais fantástico ornamento sexual dos humanos é a mente.

“Live fast, die young and leave a good looking corpse”

1 comentários:

  1. kssaum disse...

    a cauda do pavão serve para o COITO!!!
    po tonho, e o sentimento aonde fica????

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